I. A Contemplação segue naturalmente a adoração e a ação de graças, alimentando-as e aperfeiçoando-as, ao mesmo tempo. A contemplação eucarística é o olhar que a alma fixa em Jesus Sacramentado para conhecer detalhadamente suas perfeições, admirar sua bondade na instituição da Eucaristia, estudar-lhe os motivos, examinar-lhe os sacrifícios, avaliar-lhe os dons e apreciar-lhe o amor.
O primeiro fruto da contemplação eucarística consiste em fixar e concentrar a alma em Nosso Senhor, descobrindo-lhe o mistério de suas perfeições e o amor que se encerra no dom inefável da Eucaristia; este olhar refletido e prolongado sobre o amor excessivo de Jesus, ao preparar, instituir e perpetuar o adorável Sacramento, desperta em nós, em primeiro lugar, a admiração, em seguida o louvor, e por fim a expansão do amor; a alma sai de si mesma para se unir e aderir ao objeto divino de sua contemplação. Daí resulta ser a contemplação a parte essencial da adoração; é seu foco.
II. Nossa Senhora diante da Eucaristia se absorvia numa contemplação que nenhuma língua humana ou angélica poderia exprimir, somente Jesus Cristo, que era seu objeto, conhecia-lhe o valor. Maria possuía o mais perfeito conhecimento do amor que Jesus demonstrara instituindo a Eucaristia; conhecia as lutas que tivera de sustentar com seu Coração e os sacrifícios que lhe custara a instituição desse Sacramento; lutas do amor divino contra a incredulidade e a indiferença da maioria dos homens; lutas da santidade contra a impiedade, as blasfêmias e os sacrilégios de que seria alvo a Eucaristia, não somente por parte dos hereges, mas também de seus próprios amigos; lutas de sua bondade contra a ingratidão dos cristãos negligentes em recebê-lo na Comunhão, recusando desse modo suas melhores graças e seus mais ternos convites. O amor de Jesus, porém, triunfou de todos esses obstáculos. "Apesar de tudo hei de amar os homens, e sua malícia não poderá desanimar nem vencer minha bondade!"
Maria acompanhara essas lutas, partilhara esses sacrifícios e fora testemunha da vitória; evocava essas lembranças em sua adoração, relembrava esses fatos ao Salvador, exaltando o amor que O fizera vencer.
III. Para apreciar o dom da Eucaristia, o adorador deve, a exemplo da Virgem Santíssima e em união com Ela, volver à sua origem, aos sacrifícios que custou ao amor de Nosso Senhor. Se o amor é belo no Calvário, mostra-se ainda mais belo no Cenáculo e no Altar, pois aí é o amor perpetuamente imolado. A compreensão dessas lutas e dessa vitória fará ver ao adorador o que deve em compensação a um Deus tão bondoso. Então, com Maria, sua divina Mãe, se oferecerá de todo o coração a Jesus Eucarístico, a fim de bendizê-lO e agradecer tanto amor; consagrar-se-á a honrar os diversos estados de Jesus Sacramentado, praticando em sua vida as virtudes que o Divino Salvador aí exercita, glorificando-as de um modo admirável. O adorador honrará a profunda humildade do Salvador, que O leva até o aniquilamento total sob as santas espécies, honrará o sacrifício da sua própria glória e omnipotência, que O torna prisioneiro do homem; a obediência que faz d'Ele o servo de todos, tomando a Virgem Maria como a verdadeira Mãe da vida eucarística para ajudá-lo nesse estudo prático. Confiará em Maria, amando-A como a Mãe dos adoradores, que é o título mais caro ao seu coração e o mais glorioso para Jesus.
0 comentários:
Postar um comentário