Bem vindo ao Apostolado Beata Imelda e Eucaristia!

A nossa intenção é a de divulgar a história da Bem-Aventurada Imelda Lambertini, dominicana, que faleceu aos 11 anos de idade logo após a sua Primeira Comunhão. O conteúdo do blog se restringirá apenas à meditações sobre a vida e exemplo da Beata Imelda Lambertini e também a postagens de textos e escritos dos mais diversos santos que tenham registrado documentos à respeito da Santa Missa e da Santíssima Eucaristia.

"Não sei como as pessoas não morrem de alegria ao receberem Nosso Senhor na Eucaristia!" (Beata Imelda Lambertini).

quarta-feira, 13 de março de 2013

Jesus Se deixou Sacramentado para ser nosso alimento


Duodécima Fineza de Jesus Sacramentado para com os homens
Jesus Se deixou Sacramentado para ser nosso alimento.


Não houve nem haverá semelhante na terra a infelicidade de Adão, nosso primeiro pai, quando ouviu da boca de Deus aquela terrível sentença, que o condenava a comer, por toda sua vida, seu pão com o suor do seu rosto. Ele dominava sobre todo o criado, entronizado em um Paraíso de delícias; enriquecido de dons maravilhosos; tinha por dote a liberdade, e por patrimônio a graça; os elementos o serviam, e lhe obedeciam os animais; não respirava o ar senão a seu favor; passeava a pé enxuto sobre os mares; do fogo lhe eram suaves os ardores; e toda a terra lhe tributava vassalagem. Mas, ah! Desgraça! Aquelas mãos, que pouco antes empunhavam o cetro de todo o mundo, se viram em um instante obrigadas a trabalhar com um arado a pouca terra, que talvez em lugar de pão lhe dava abrolhos.

Assim fez Deus para com Adão no Paraíso; porém não faz assim com os homens no Sacramento. E se não, dizei-me, que trabalho ou que fadiga nos custa o alimentar-nos d'Aquele Pão de vida? Que suores padecemos para comer a deliciosa Carne de Jesus? Onde, como diz o Ango das Escolas, se prova toda a doçura em sua fonte; porque nela recapitulou, melhor que no Maná, todos os sabores de Seu amor. Cheios estão os livros das divinas e humanas letras de muitas mulheres, que, para remédio da extrema fome que padeciam, comeram seus próprios filhos, nascidos de suas entranhas; mas não ouvimos que tenha havido mãe tão piedosa para com seu filho que, para livrá-lo da fome que padecia, o alimentasse com sua própria carne. Esta fineza ficou reservada somente para o amor infinito de Jesus, Que, vendo-nos padecer, deu-nos Seu próprio Corpo para nosso sustento.

Ó prodígio do amor Divino! Deus alimento do homem! É certo que o alimento se converte na substância de quem o recebe. A Divina natureza é totalmente inconvertível na humana. De sorte que, ainda que a d'Aquele homem Filho natural de Deus possa muito bem Se unir à natureza humana, não pode de modo algum converter-Se nela. Porém buscou Seu amor caminhos de fazer uma nova e engenhosa conversão. Fez alimento da Carne de Jesus, para que de modo possível, pareça que Sua natureza se transforma na nossa, e depois que O recebemos Sacramentado, possamos dizer-Lhe com Seu Profeta: Lembrai-Vos, Senhor, que sois minha sustância.

Em uma ocasião disse o mesmo Senhor a Seu favorecido Agostinho: Eu sou manjar de grandes, tu Me comerás, mas não Me mudarás em ti, antes bem tu te converterás em Mim. É isso o que pretende o amante Jesus Sacramentado: unir-Se de tal sorte conosco por alimento, que Se converta em nós, e nós nos transformemos n'Ele. O Grande Imperador Teodósio, quanto voltava da guerra, ainda com o sangue quente das batalhas, estreitava fortemente em seu peito o filho Honório, para transformá-lo, como ele dizia, em seus esforços marciais. Mas quanto melhor nos converte em Si o amoroso Jesus, quando, vertendo Sangue vivo de Suas veias, nos abraça estreitamente, e nos infunde Seu Espírito para fortificar-nos nesta vida, que também é milícia sobre a terra.
Falsas e fingidas foram aquelas promessas que o pai da mentira fez ao primeiro homem, de que seria como Deus se comesse daquele fruto que lhe fora proibido no Paraíso. Porém, se Adão tivesse provado d'Este Pão Deífico, d'Esta Carne Sacramentada de Jesus, bem poderia eu seguramente prometer-lhe que ficaria divinizado. Este é Aquele Pão ao Qual São Cirilo chama: Satus in Virgine, in Ecclesia fermentatus. Sabeis, diz esse grande Doutor, que Pão é Este? É o Pão semeado no Coração Virginal de Maria, fermentado na Igreja e amassado com o Sangue de Jesus.

Foi um aviso para os de Taranto, de mil calamidades que por quatro anos padeceram, sair sangue ao partir o pão que comiam. Mas perguntai a uma Teresa o que ela sentiu d'Este Divino Pão, quando, entrando-lhe na boca, a encheu do precioso Sangue de Jesus, Que a afogou em um mar de doçuras. Perguntai a uma Maria Ogniacense, filha do Grande Patriarca São Domingos, que sintomas morais eram aqueles que padecia apenas em chegar ao lábios o pão, que não estava consagrado; efeitos que não lhe causa o Divino Pão Eucarístico, pelo Qual unicamente anelava, e recebia com ardentíssimos afetos. Muitas experiências fizeram com ela os Sacerdotes, trocando a forma consagrada por outra não consagrada, e acharam que fosse perder a vida.

Concluamos dizendo que n'Este admirável Sacramento estão já decifrados os enigmas que não entenderam os convidados de Sansão; porque Este é o suavíssimo mel que se achou na boca do Leão. Este é o pão guardado pelo verdadeiro José para livrar da fome o Egito do mundo inteiro. Este é, finalmente, o pão no Qual o amor transformou a Carne de Jesus para ser nesta vida nosso único alimento.

(Finezas de Jesus Sacramentado para con los hombres, e ingratitudes de los hombres para con Jesus Sacramentado. Escrito en Toscano, y Portugués por el P. F. Juan Joseph de S. Teresa Carmelita Descalzo. y traducido en castellano por D. Iñigo Rosende presbitero. Con licencia. Barcelona: En la Imprenta de los Herederos de Maria Angela Marti, Plaza de S. Jayme, año 1775.)

Créditos ao excelente blog: http://gstomasdeaquino.blogspot.com.br/

domingo, 10 de março de 2013

Jesus Se deixou Sacramentado para ser obedientíssimo e pacientíssimo no mundo


Undécima Fineza de Jesus Sacramentado para com os homens
Jesus Se deixou Sacramentado para ser obedientíssimo e pacientíssimo no mundo.


Não encontrou o entendimento de São Paulo, ilustrado com o lume da glória, com que encarecer mais o infinito amor de Jesus, que dizendo que foi obediente até a morte. Mas, com a devida veneração a esse Mestre do mundo inteiro, diria eu quea obediência de Jesus passou ainda mais além da Sua morte. Porque, n'Este adorável Sacramento, vejo-O na terra e no Céu obedientíssimo às Suas criaturas. Se elas querem que esteja dias e noites presente à vista do mundo, não as contradiz; se O levam pelas ruas e praças públicas, não Lhe repugna; e se O encerram debaixo de uma chave, também o consente.

De um só homem sabemos que foi feito à medida do Coração de Deus; mas, seja-me lícito dizer, n'Este Sacramento está Deus feito à medida do coração dos homens, pois à vontade e arbítrio de todos está Seu Coração Sacramentado. Mas, se é tão maravilhosa esta obediência que Ele tem a suas criaturas na terra, qual será a que pratica com as mesmas no Céu? Ouvi o maior prodígio do Divino amor. Reside o Soberano Rei da Glória no Trono altíssimo de Sua Majestade, adorado pelas colunas do firmamento e obedecido pelas maiores potestades do Empíreo; e às primeiras quatro palavras com as quais O chama Seu Ministro, voa a pôr-Se em suas mãos com tão pronta obediência que no espaço de dezessete séculos nunca faltou, nem faltará daqui em diante nenhuma só vez.

Ouve o obedientíssimo Jesus a voz do Sacerdote no Céu, e não se interpõe um momento nem um instante entre a última sílaba de sua palavra e Sua real presença no Altar. Não O retarda o ter de sair do delicioso peito de Seu Eterno Pai, nem a suavíssima visão de Sua amorosa Mãe, nem as melífluas vozes com que na Glória O recreiam os Serafins. A língua, as palavras, as mãos de Seu Ministro O trazem sem falha do Céu à terra. Ó língua, ó palavras de infinito poder, que arrancais o Onipotente e trazes-te o Imenso.
Quem se admirará agora de ouvir que com um só de seus cabelos e com um de seus olhos trouxe a Esposa o Divino Amante a seu seio; nem que por um só cabelo levou um Anjo desde a Judeia até a Babilônia o Profeta para alimentar o mancebo Daniel, encerrado na Cova dos Leões. Pois agora vê: traz cada dia um homem, com poucas palavras, do Céu à terra, o próprio Deus, para saciar com Sua Carne um mundo inteiro! Ó prodígios nunca dantes ouvidos! Basta que o homem fale para que Deus lhe obedeça. Lá dizia Davi que falou Deus uma só vez, e o que fez? Gerou um Filho igual a Si mesmo em Grandeza e Majestade. Fala inúmeras vezes o Sacerdote, e que faz? Não me atreveria a dizê-lo, se a maior luz da Igreja, Santo Agostinho, não o tivesse dito: Qui creavit me sine me, creatur mediante me. Sabeis, diz Agostinho, o que eu faço com minhas palavras no Altar? Crio quantas vezes as pronuncio o Que me criou a mim: Qui creavit me dedit mihi creare se. Aquela Eterna Geração do Divino Verbo, em Cujas luzes não puderam fixar a vista, nem por um instante, os olhos de um Isaías, renovo eu a cada dia em minhas mãos com minha língua.

Não duvido em afirmar que é maior a obediência que Jesus tem no Sacramento à voz do homem, do que a que tiveram as criaturas em sua criação à voz de Deus; assim como é maior o poder de quem muda o pão em Deus, do que o d'Aquele que muda o nada em pão. Com uma só voz tirou Deus do caos do nada todo o universo, e não houve criatura que não obedecesse ao Seu império. Obedeceram os planetas, os céus, os mares, as aves e as plantas. Porém todas elas eram umas criaturas caducas e corruptíveis; de sorte que tudo quanto obedeceu à voz de Deus não foi, nem podia ser, outro Deus como Ele infinito e imortal. Mas foi tanto o amor de Deus para com o homem que lhe deu poder para produzi-l'O no Sacramento, de tal sorte que, se por impossível perecera a Sacrossanta Humanidade do Verbo Divino, bastariam as poderosas palavras da Consagração para reproduzi-l'A de novo nos Altares.

Foi e será sempre celebrada no mundo a obediência de Abraão à voz de Deus, e não havia aí mais do que sacrificar-Lhe seu filho unigênito. Comparai agora com essa a obediência de Jesus à voz de um homem: vir, baixar e pôr-Se em suas mãos, para ser Ele mesmo sacrificado. Atônitos ficaram os Discípulos do Redentor quando viram que a Seu império obedeciam os mares e as tempestades. Que diriam agora, vendo seu Divino Mestre tão obediente à voz de Sua criatura, que, abrindo a boca, abre os Céus e O faz descer à terra sobre uma Ara? Não pôde o Evangelista significar-nos mais altamente a obediência do Verbo Humanado do que dizendo que estava sujeito, no mundo, a uma Virgem Mãe Sua, a Qual, como Tal, era o mais perfeito e excelente parto que deu nem poderia dar à luz Sua eterna Sabedoria. Com que conceitos, pois, poderão as plumas evangélicas explicar a obediência do próprio Senhor Sacramentado a uma vil e miserável criatura? Mas, que diriam também, à vista de tão maravilhosa obediência, da contumácia das criaturas à voz de seu Criador, de tanta repugnância a Seus preceitos, de tanta obstinação em contradizer Sua lei, e não observar Seus conselhos? Mas passemos agora a ponderar a maior fineza de Jesus Sacramentado em sofrer os agravos que padece n'Este inefável Sacramento.

Com razão chamou São Gregório, o Grande entre os Doutores, máquina do entendimento, o amor: Amor est machina mentis. Porque, assim como as máquinas servem para levantar no ar pesos de extraordinária grandeza, assim o amor alivia suavemente as penas e os trabalhos, que por sua natureza são pesados. Não há maior prova dessa verdade do que o que o Amantíssimo Jesus Sacramentado sofre de Suas criaturas no mundo. Com as mesmas palavras com que Ele instituiu Este Sacramento, parece que Se empenhou a sofrer todas as sortes de ultrajes. Este é o Meu Corpo, disse Ele, quando O dava a comer a Seus Discípulos, Que por vosso amor será entregue e de mil modos ofendido. Eu O deixo Sacramentado e exposto à crueldade dos homens.

Não ficaram frustrados os insaciáveis desejos que Ele teve de padecer por nós; porque, sem dúvida, todos os tormentos que Jesus padeceu no Calvário, renova-os a malícia humana no Sacramento. Um Discípulo O vendeu em Jerusalém por trinta denários; por menos O comprou Sacramentado um herege na Pomerânia. Na Judeia fizeram os fariseus juntas e conselhos para matá-l'O. Na Alemanha se reuniram três luteranos, e, divididos por três partes do mundo, desafogaram seu ódio contra Este Augustíssimo Sacramento. Um deles, qual ímpio Malco, elevando o Sacerdote a Sagrada Hóstia, levantou a sacrílega mão, e, despedaçando-A, pisou-A com seus pés. Outro, qual cruel Longinos, atravessou-A com um punhal sobre o Altar. Finalmente outro, de mil modos, indignos de serem ditos, afrontou e atormentou o adorável Corpo do Redentor.

Tudo o sofreu o amantíssimo Cordeiro. Não quis Sacramentado ostentar Seu poder Aquele Senhor a Quem as Escrituras aclamam como Deus das vinganças. Aquele Que não dissimulou o arrojo de um Oza, que estendeu sua mão para sustentar a Arca. Aquele Que, por uma só mentira, castigou de morte a um Ananias. Aquele Que, por um desprezo feito ao Seu Profeta, mandou que a terra tragasse vivo um Abirão. Aquele Que, por uma só injúria dita a Eliseu, ordenou aos ursos que despedaçassem os insolentes mancebos. Esse é o Que agora sofre tantos agravos, que a impiedade e incredulidade dos homens fazem a Seu Corpo: que O pisem com os pés, que O transpassem com punhais e O joguem nos fornos.

Mas quem desarmou aquelas divinas mãos n'Este Sacramento, senão um infinito amor com que se deixou n'Ele para os homens? Quem as atou para não submergir, como em outros tampos, tantos malvados em dilúvios de água, e cobrir por menos culpas Cidades inteiras com fogo? Quem, senão o amor, O abranda dos agravos que Lhe fazem com as línguas e com as penas tantos reinos e províncias, que dentro da Cristandade vomitam o venenoso ódio que professam a Este Sacramento?

Quando Sansão repousou no regaço de Dalila, logo deu falta de suas forças; e aquelas mãos, acostumadas a estrangular leões e arrancar fortes colunas da terra, viram-se logo aprisionadas com pesadas cadeias. O mesmo fez o amor com Jesus Sacramentado. Repousou uma vez no seio dos homens, fez do coração das criaturas tálamo para Seu Corpo, e logo perdeu todas as Suas forças para castigá-las; e assim sofre agora as maiores ofensas quem primeiro não perdoava as faltas mais ligeiras. Porque esse amor grande, esse amor incomparável, não satisfeito de cravar-Lhe as mãos em um madeiro, as tem atadas fortemente no Sacramento.

(Finezas de Jesus Sacramentado para con los hombres, e ingratitudes de los hombres para con Jesus Sacramentado. Escrito en Toscano, y Portugués por el P. F. Juan Joseph de S. Teresa Carmelita Descalzo. y traducido en castellano por D. Iñigo Rosende presbitero. Con licencia. Barcelona: En la Imprenta de los Herederos de Maria Angela Marti, Plaza de S. Jayme, año 1775.)

Créditos ao excelente blog: http://gstomasdeaquino.blogspot.com.br/

quarta-feira, 6 de março de 2013

Jesus Se deixou Sacramentado para ser paupérrimo no mundoJesus Se deixou Sacramentado para ser paupérrimo no mundo


Décima Fineza de Jesus Sacramentado para com os homens
Jesus Se deixou Sacramentado para ser paupérrimo no mundo.


É deveras Este Augustíssimo Sacramento um abismo infinito no Qual se perde o discurso, descobrindo a cada vez maiores excessos do Divino amor. Seria necessário aqui que eu tivesse uma voz que se ouvisse em todo o mundo, para que chegasse à notícia de todas as criaturas esta maravilhosa fineza de Jesus. Porém não quero declarar o que é tornar-Se paupérrimo n'Este inefável Sacramento, a não ser com as mesmas palavras com que nos fala continuamente naquele Altar: Egenus et pauper sum. Eu estou aqui pobre e necessitado de todas as coisas.Eu, Que semeei as estrelas no céu, vesti os planetas de luzes e enriqueci de pérolas a Eritréia: Eu, Que adorno de flores o campo, crio o ouro nas minas e dou reinos e monarquias aos príncipes, estou aqui reduzido a tanta pobreza que necessito de um pano para Meus Altares, de Corporais para reclinar Meu rosto, mendigo das criaturas um pouco de azeite para Minha Casa. Eu sou a luz do mundo, e todo o Céu não necessita de outro resplendor senão o da Minha Humanidade, que é o Divino Sol que o alumia. E, aqui na terra, apenas arde diante do Meu Corpo uma pequena luz, que, por descuido das criaturas, está toda a noite apagada. É coisa maravilhosa ver o Rei da Glória com tanta pobreza em Sua Casa. Os sagrados vasos, em que reservam Seu adorável Corpo,quantas vezes são feitos de um metal vil. Os cálices em que Se deposita Seu precioso Sangue, tão imundos que muitos teriam asco de beber e brindar com semelhantes taças em suas mesas. Correi essas terras e lugares pequenos da Cristandade, onde se crê e adora Este Augustíssimo Mistério da Fé, e vereis coisas que vos sacarão lágrimas dos olhos. Vereis Igrejas de Católicos mais pobres que os pagodes entre os gentios; Altares menos asseados do que lareiras entre calvinistas: que digo? Achareis estábulos mais limpos do que o que é depósito do Corpo de Jesus.

A esta extrema pobreza reduziu Seu amor o Criador de tudo, n'Este Sacramento. Mas, o que me causa maior assombro, Seu amor Lhe dá tal aparência de pobre que às vezes vemos rodeado de vermes Sua Carne. Quando as Sagradas espécies do Pão começam a corromper-se, é devido à sua natureza que se substitua ali dita substância, na qual se introduza a forma de verme. Não se atreveram esses a chegar ao Corpo de Jesus quando nos três dias esteve sepultado na terra. Mas n'Este amoroso Sacramento, onde dá maiores exemplos de pobreza que no Sepulcro, permite que os vermes se vejam juntos com Sua carne. Nada afligia tanto em sua pobreza ao paciente Jó quanto ver-se por todas as partes rodeado de vermes. Pois, que transmutações tão raras são essas do amor de Jesus? Que invenções tão engenhosas para ir sempre empobrecendo mais por amor das criaturas? Sendo Deus Se faz homem, sendo homem Se disfarça em pão, e as espécies de pão O fazem parecer verme: Vermis sum, et non homo.
Volvei agora os olhos, Católicos, aos palácios dos reis e príncipes da terra. Olhai a suntuosidade de seus adornos, a riqueza de seus gabinetes e a resiliência de suas mesas. Olhai como se empobrece a Índia para enriquecer suas salas, e se desnuda a China para vestir e adornar suas camas. Olhai como ardem aí sem número as chamas, e a cada passo reluzem preciosos artefatos. É esse o albergue de uma pobre criatura, que, por grande que seja, à vista de Jesus é uma sombra que se desfaz. Volvei depois o olhar para a Casa e habitação onde vive o Monarca Sacramentado, para Cujo trono não são dignas o bastante as asas dos Serafins; e percebereis como muitas vezes Lhe falta o decente para celebrar-se o tremendo Sacrifício de Seu Sangue, como carece de um par de velas para Seus Altares,e como, pela suma pobreza, arde uma diminuta vela diante de Sua Majestade. Eu vi na Casa de um poderoso do mundo arder numa sala mil e quinhentas velas de finíssima cera em um sarau. Gasta-se em uma ópera e um baile o que não se gastaria com um Deus. Seu Templo e Seu adorável Corpo Sacramentado passam noites inteiras escuras, e no máximo com uma pobre lâmpada acendida em um rincão de Sua Casa.

Que bem dizia eu, que à pobreza de Jesus Sacramentado nunca houve semelhante no mundo. É verdade que em Seu nascimento padeceu pobreza incrível, porém encontrou os braços de sua amantíssima Mãe, que o envolveram em limpíssimos panos. É verdade que na Cruz morreu o mais necessitado, porém teve um José, que, com um finíssimo sudário, cobriu Sua desnudez. Ver um Belizário, que, depois de governar um Império, mendigava um pedaço de pão pelas ruas, tirava lágrimas dos olhos, que não tinha, para ver suas misérias. Mas ver Jesus Sacramentado tão necessitado em Sua Casa não excita nos poderosos do mundo a compaixão. Bem ouvem as piedosas vozes com que Ele está dizendo daquele Sacrário: Egenus et pauper sum. Mas lá vão seus tesouros para servir suas profanidades, lá gastam suas riquezas para comprazer a seus apetites.

(Finezas de Jesus Sacramentado para con los hombres, e ingratitudes de los hombres para con Jesus Sacramentado. Escrito en Toscano, y Portugués por el P. F. Juan Joseph de S. Teresa Carmelita Descalzo. y traducido en castellano por D. Iñigo Rosende presbitero. Con licencia. Barcelona: En la Imprenta de los Herederos de Maria Angela Marti, Plaza de S. Jayme, año 1775.)

Créditos ao excelente blog: http://gstomasdeaquino.blogspot.com.br/

sábado, 2 de março de 2013

Jesus Se deixou Sacramentado para ser o mais humilde da terra


Nona Fineza de Jesus Sacramentado para com os homens
Jesus Se deixou Sacramentado para ser o mais humilde da terra.


Somente com lágrimas, e não com tinta, com suspiros, e não com palavras, se poderia discorrer sobre esta prodigiosa fineza de Jesus; porque verdadeiramente emudece a língua e faltam os conceitos para explicar as humilhações em que o amor pôs o Rei da Glória no Sacramento do Altar. Toda a vida de Jesus foi um contínuo exercício de humildade. Desde o Nascimento até o Sepulcro, não teve em vista outra coisa que humilhar-Se pelos homens. Nasceu humilde, viveu humílimo, e morreu mais abatido. Mas quando O considero Sacramentado, não posso deixar de cobrir o rosto de confusão, nem entender como resta ainda alguma raiz de soberba e vaidade no mundo.
Aonde podiam chegar as humilhações de meu Deus, além de esconder-Se debaixo de fragilíssimas espécies de um pouco de Pão? Em Sua Encarnação, encobriu Sua Divindade, porém Se deixou ver Homem, e o mais formoso dos filhos de Adão. N'Este Sacramento, esconde o Ser Divino e o humano, e não mostra mais que o ser do Pão. Infinita foi a aniquilação que Deus fez de Si mesmo, dizia o Apóstolo, quando Se uniu à natureza humana, que era vivente, racional e formada à Sua semelhança. Pois qual será o abatimento em unir-Se a uma natureza, não intelectual, senão insensível? Mas, que digo: a uma natureza? Nem a uma substância corpórea Se une, sacramentando-Se; pois, contente com os pobres acidentes, que não têm, pratica a maior humildade que podem conceber os entendimentos dos Serafins.

Ter reduzido Deus Sua Imensidão ao tenro corpinho de um Menino arrebata em êxtase quem contempla essa maravilha. Mas reduzir-Se Deus a um pequeno pedaço de pão, e a uma só gota de vinho, quem o poderá escrever sem lágrimas, ou o pensar sem que se lhe quebre de amor o coração? No mais limitado fragmento d'Aquela Hóstia está todo o inteiro Monarca do Empíreo. E mais: em qualquer mínimo ponto d'Ela, ou seja, dos que entre si unem suas partes, ou dos que chamamos terminativos de Sua quantidade, compendiou o Altíssimo toda Sua grandeza. Ah! Nabuco e Alexandre mundanos, como permanecem em pé vossas estátuas! Como não se desfazem em pó vossas soberbas? Como chora ainda vossa ambição ao ouvir que não há mais que um só mundo a ser conquistado? E o Deus de Majestade, o Criador de tudo, reduz-Se a viver e morar em um ponto indivisível por vosso amor.

Excedem as humilhações de Jesus Sacramentado a todas quantas as Sagradas Penas nos dizem que padeceu sobre a terra. Quando conversava com os homens, levava-os aos milhares após Si, atraídos e arrebatados pelos raios daquela Divindade que resplandecia em Sua carne mortal. E assim, sendo Menino, foi adorado pelos Reis em Belém, desfez a soberba máquina dos ídolos no Egito; e eram tão poderosos os influxos de Seus olhos que os próprios hebreus, que não O conheciam, convidavam uns aos outros para recrear sua vista, dizendo: Vamos ver o belíssimo Filho de Maria. Sendo Homem, tomou em Sua mão o latigo contra os culpados, se mostrou imperioso com os elementos, e formidável aos demônios; e ainda depois de morto Se eclipsou no Sol e cobriu o mundo de horrores.

Porém, que diferente se mostra agora Este mesmo Senhor Sacramentado. Já naquele Altar está tão manso e humilde Jesus, que, coberto dumas aparências de pão, não dá o mínimo sinal de vida. Todo humilhado e todo emudecido, nem de Seus sentidos exteriores Se serve. Tem os olhos vendados, fechados os ouvidos, presas as mãos, atados os pés, e só ardendo de amor Seu coração.

Ali está sujeito à vontade e arbítrio dos homens. Mas o que é isso, se também Seu amor O sujeitou aos brutos? Quantas vezes nos dizem as histórias que pisaram com seus pés as bestas Seu Divino Sacramentado Corpo? Ali também O vereis em poder dos elementos insensíveis, porque ou as chamas de fogo consomem as espécies de que Se veste Seu Corpo, ou as inundações das águas O arrebatam entre Suas correntes, ou a terra com seus tremores O encerram em suas entranhas, dentro de Seu Sacrário. Mas, ó Católicos meus! Ouvi o que é mais do que tudo. N'Este Augustíssimo Sacramento, pratica Jesus tão maravilhosos exemplos de humildade, que n'Ele Se fez sujeito até aos próprios demônios. Não uma só vez foram levadas as Sagradas Hóstias por ímpios feiticeiros a suas infernais assembleias, onde, juntamente com eles, em figuras corpóreas, foram vistos muitos malignos espíritos dançar e saltar sobre aquele adorável rosto, em torno do qual se rodeiam todos os céus.

Dizei-me, agora, soberbos e altivos do mundo, onde estão aqueles pontos de honra tantas vezes praticados diante d'Este próprio Deus Sacramentado? Ó cegueira digna de ser chorada com lágrimas de sangue! O Criador aos pés de uma criatura; e esta em Sua presença, em Sua própria Casa, ultraja-O a sangue e fogo sobre a precedência de um lugar, ou porque lhe negam um assento? Mas, ó Sacramento dulcíssimo, escola irrefragável da verdadeira humildade! Eu abraço teus ditames de todo opostos às falsas máximas do mundo. E, visto que desde a Cátedra deste Altar me ensinas o caminho real da vida eterna, eu me declaro perpétuo Discípulo de meu Jesus Sacramentado, Que em tão prodigiosas humilhações me dá a mais evidente prova de Seu amor.

Créditos ao excelente blog: http://gstomasdeaquino.blogspot.com.br/