Bem vindo ao Apostolado Beata Imelda e Eucaristia!

A nossa intenção é a de divulgar a história da Bem-Aventurada Imelda Lambertini, dominicana, que faleceu aos 11 anos de idade logo após a sua Primeira Comunhão. O conteúdo do blog se restringirá apenas à meditações sobre a vida e exemplo da Beata Imelda Lambertini e também a postagens de textos e escritos dos mais diversos santos que tenham registrado documentos à respeito da Santa Missa e da Santíssima Eucaristia.

"Não sei como as pessoas não morrem de alegria ao receberem Nosso Senhor na Eucaristia!" (Beata Imelda Lambertini).

domingo, 30 de dezembro de 2012

A adoração de Súplica de Maria Santíssima (parte II - Final)



II. Os adoradores partilham da vida e da missão de súplica de Maria aos pés do Santíssimo Sacramento; é a mais bela das missões e não apresenta perigo. É, também, a mais santa, porque abrange o exercício de todas as virtudes; é mais necessária à Igreja, que tem maior necessidade de oração do que de pregadores, de homens de penitência do que de homens eloquentes.

Em nossos dias, mais do que nunca, necessitamos de homens que, pela própria imolação, desarmem a cólera de Deus, irritado contra os delitos sempre crescentes das nações; temos precisão de almas que, com suas súplicas, reabram os tesouros da graça, fechados pela indiferença geral; são necessários verdadeiros adoradores, quer dizer, homens de fogo e de sacrifício; quando estes forem numerosos em torno de seu Divino Chefe, Deus será glorificado, Jesus será amado, e as sociedades se tornarão cristãs, conquistadas a Jesus Cristo por meio do apostolado da oração eucarística.

III. O apostolado de Maria Santíssima consistia, além disso, na pregação muda, porém persuasiva, do respeito.
Tal pregação convém a todos e, uma alma desejosa de tornar a Eucaristia amada e conhecida, a ela se aplicará com grande empenho, em união com Maria; com que modéstia e reverência essa perfeita adoradora se conservava aos pés do Santíssimo Sacramento! Permanecia na atitude dos anjos perante a Majestade divina, e a ninguém dava atenção, compenetrada e absorta que estava, pela fé, na real Presença de Jesus. Ao se apresentar diante de Nosso Senhor, vinha sempre conveniente e religiosamente vestida, como para uma visita de cerimônia. Um traje negligente e um porte descuidado denotam falta de fé e desordem interior.

Aos pés de seu Deus, Maria permanecia, de joelhos o mais que podia; esta é a posição adotada pela Igreja para a adoração, é a homenagem do corpo, a humildade da fé; de joelhos aos pés de Jesus, é o lugar do amor. O respeito no lugar santo, mormente diante do Santíssimo Sacramento, deve ser a grande virtude pública dos adoradores. Este respeito é sua profissão solene de fé, e ao mesmo tempo, a graça de sua piedade e fervor, pois Deus sempre castiga as irreverências cometidas no santuário, por meio do enfraquecimento da fé e da privação das graças de piedade. Toda a pessoa que se mostrar irreverente ou pouco respeitosa diante de Nosso Senhor, não deve estranhar a aridez na oração; ainda é pouco, pois mereceria até mesmo ser vergonhosamente expulsa de sua presença, como um insensato.

Sejamos pois muito severos no tocante ao culto de respeito; conservemos a dignidade do porte e uma atitude religiosa, guardando um rigoroso silêncio e um perfeito recolhimento. Na Igreja, só devemos prestar atenção a Jesus Cristo; aí não se conhecem os amigos. Jesus é tudo: a corte não olha senão para o Rei e só a Ele rende vassalagem. À vista do religioso e profundo respeito dos adoradores, os mundanos serão obrigados a exclamar: Aqui deve haver alguma coisa de grande! Os fracos e tíbios se confundirão por sua tibieza e reconhecerão a Jesus Cristo: o exemplo é a lição régia da sabedoria e o apostolado mais fecundo.

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Nossa Senhora prepara criança para a Primeira Comunhão



Preparar as crianças para este grande ato da vida, ornar-lhes o coração para a primeira visita de Jesus, oh! é sem dúvida a mais doce missão da ternura maternal de Maria.

Uma fervorosa mãe viu certo dia a Santíssima Virgem debruçada sobre o berço de seu filhinho, sorrindo-lhe e cobrindo de flores o seu pequenito leito. E, mais tarde, quando Alexandre Bertius, que era essa criança, pode falar, suas primeiras palavras foram: Jesus e Maria. Cresceu o menino privilegiado à sombra do Crucifixo, e desde cedo a luz do seu batismo lhe fez entrever, no fundo do coração, os terrenos da alma em que poderia germinar a má semente: arma-se então, com a idade de apenas cinco anos, de uma disciplina e castiga em seus membros delicados os instintos que o poderiam induzir ao mal.

Maria o acompanhava preparando-o para a primeira comunhão. Nesse momento solene e por de mais precioso, Alexandre experimentou a impressão sensível de que seu coração se abrira e Jesus tomara posse dele. Esta lembrança o prendeu de tal forma ao Tabernáculo, que a custo se conseguia afastá-lo, tornando-se por isso conhecido em toda a cidade como o menino do santo altar. Nossa Senhora cumulava esse filho de favores excepcionalmente maternais: passava as folhas de seu livro de estudo; amenizava-lhe os ardores da febre cercando o seu leito de flores, quando ele estava doente. Assim protegido pela presença amorosa de Maria, o piedoso estudante jamais tomou parte em qualquer alegria mundana, entretenimento perigoso ou recreação pouco recomendável.

Eis, portanto um exemplo de como a infância e a adolescência colocadas sob o cuidado maternal do olhar da Virgem da Eucaristia, se tornam puras e preparam à Igreja cristãos fiéis e ao céu, cidadãos ornados de todas as virtudes.

PRÁTICA — Rezar pelas crianças que se preparam à Primeira Comunhão e por seus catequistas.

JACULATÓRIA — Salve, ó Maria, que pelo apostolado de vossa oração venceste todas as heresias suscitadas contra a Eucaristia.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Do Sacramento do Altar - Devota exortação à sagrada comunhão (Parte IV)




Como neste Sacramento se mostra ao homem a grande bondade e caridade Deus

A Voz do discípulo


Confiado, Senhor, na vossa bondade e grande misericórdia, a vós me chego, qual enfermo ao médico, faminto e sequioso à fonte da vida, indigente ao Rei do céu, servo ao Senhor, criatura ao Criador, desconsolado ao meu piedoso Consolador. Mas donde me vem a graça de virdes a mim? Quem sou eu, para que vós mesmos vos ofereçais a mim? Como ousa o pecador aparecer diante de vós? e vós, como vos dignais vir ao pecador? Conheceis vosso servo e sabeis que nenhum bem há nele para que lhe presteis esse benefício. Confesso, pois, minha vileza, reconheço vossa bondade, louvo vossa misericórdia e dou-vos graças por vossa excessiva caridade. Por vós mesmos fazeis isso, não por meus merecimentos, mas para que vossa bondade me seja mais manifesta, maior caridade me seja infundida e a caridade me seja mais perfeitamente recomendada. Pois que assim vos apraz e assim ordenastes, a mim também me agrada vossa condescendência, e oxalá não ponham estorvo meus pecados!

Ó dulcíssimo e benigníssimo Jesus! louvor vos devo pela participação do vosso sacratíssimo corpo, cuja existência ninguém pode explicar! Mas que hei de pensar nesta comunhão, chegando-me a meu Senhor, a quem não posso devidamente honrar, e todavia desejo receber com devoção? Que coisa melhor e mais salutar posso pensar, senão humilhar-me totalmente diante de vós e exaltar vossa infinita bondade para comigo? Eu vos louvo, Deus meu, e vos engrandeço para sempre. Desprezo-me e a vós me submeto no abismo de minha vileza.

Vós sois o Santo dos santos, e eu a escória dos pecadores. Vós baixais para mim, que não sou digno de levantar os olhos para vós. Vindes a mim, quereis estar comigo, convidais-me ao vosso banquete. Quereis dar-me o alimento espiritual e o pão dos anjos, que outro, na verdade, não é senão vós mesmos, pão vivo, que descestes do céu e dais a vida ao mundo.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Orações para antes da Santa Missa e de preparação para a Santa Comunhão



São Bernardo escreve: "Quando comungamos sacramentalmente, os Santos Anjos montam guarda ao redor de nós em honra a Jesus."

Quando um adorador de Deus comunga do Corpo de Cristo, toda a Igreja exulta, a dos Céus, a do Purgatório e a da Terra.

Quem poderá exprimir a alegria dos Anjos e dos Santos a cada Comunhão bem feita? Uma nova corrente de amor chega ao Paraíso e faz vibrar os espíritos bem-aventurados, cada vez que uma criatura se une a Jesus. Vale muito mais uma Santa Comunhão do que um êxtase, um arrebatamento ou uma visão.

A Santa Comunhão transporta o Paraíso inteiro para o coração do comungante.


ORAÇÃO FONTE DE GRAÇAS (Para se rezar antes da Santa Missa)

Deus Pai, eu Vos ofereço, pelo Coração Imaculado de Maria, o sacrifício da Santa Missa, com o sacerdote e através dele, com verdadeiro espírito de imolação. Ofereço-vos constantemente o sacrifício de todas as Santas Missas que se celebram no mundo inteiro, e com pura intenção me uno ao Santo Padre e a todos os sacerdotes, oferecendo-vos os méritos dos sofrimentos da Paixão e Morte de vosso Unigênito Filho. Com a graça de Nosso Senhor Jesus Cristo, torno-me uma constante união de sacrifício n'Ele e com Ele, para Vos adorar no mais alto grau de perfeição. Amém.


PREPARAÇÃO PARA A COMUNHÃO

A preparação para a Comunhão consiste em demorar-se algum tempo a considerar quem é Aquele a quem vamos receber, e quem somos nós, e fazer depois os atos seguintes.

No Santíssimo Sacramento do Altar não só é oferecida a graça como também o Autor da graça, Nosso Senhor Jesus Cristo com Corpo, Sangue, Alma e Divindade.

Que dignificação! Quanta bondade! O Deus de infinita Majestade querer dar-se em alimento a nossos corações miseráveis e culpados! Sendo que a Comunhão constitui a ação mais excelente, mais proveitosa e divina, temos que nos convencer da necessidade de prepararmos o nosso espírito e coração com o máximo cuidado.

Tomemos Maria por guia e modelo e supliquemo-lhe que ela mesma orne a nossa alma com as devidas disposições.

ATO DE FÉ

Senhor Jesus Cristo, eu creio firmemente que estais real e verdadeiramente presente no Santíssimo Sacramento, com vosso Corpo, Sangue, Alma e Divindade. Creio que sois o pão vivo descido do Céu. Sim Jesus, creio em Vós. Amém.

ATO DE ADORAÇÃO

Senhor, eu Vos adoro neste augusto sacramento e Vos reconheço por meu Criador, Redentor e soberano Senhor, meu único e sumo bem. Eu Vos adoro com minha inteligência, meus afetos e todas as faculdades de minha alma. Sim, Jesus, eu Vos adoro. Amém.

ATO DE ESPERANÇA

Senhor, espero que, dando-Vos a mim neste divino sacramento, usareis comigo de misericórdia e me concedereis todas as graças que são necessárias à minha eterna salvação. Jesus, em vossas promessas confio. Sim, Jesus, eu espero em Vós. Amém.

ATO DE HUMILDADE

Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha morada, mas dizei uma só palavra e minha alma será salva. Jesus, eu me humilho diante de Vós. Amém.

ATO DE CARIDADE

Senhor, Vós sois infinitamente amável, sois meu Pai, meu Redentor, meu Deus, e por isso Vos adoro de todo o coração, sobre todas as coisas, e por amor de Vós, amo a meu próximo como a mim mesmo, e de boa vontade perdôo aos que me têm ofendido. Sim, Jesus, eu Vos adoro de todo o meu coração. Amém

ATO DE CONTRIÇÃO

Senhor, detesto todos os meus pecados, porque me tornam indigno de receber-vos em meu coração, e proponho, com vossa graça, nunca mais os cometer, evitar as ocasiões de pecar e fazer penitência. Jesus, perdoai os meus pecados. Amém.

Cristo está todo inteiro no sacramento da Eucaristia?


El Greco (Doménikos Theotokópoulos, 1541-1614),  A Última Ceia

Parece que Cristo não está todo neste sacramento:
1. Com efeito, Cristo começa a estar neste sacramento pela conversão do pão e do vinho. Ora, está claro que o pão e o vinho não podem converter-se nem na divindade de Cristo nem na sua alma. Logo, uma vez que Cristo está composto de três substâncias, a saber a divindade, a alma e o corpo, parece que Cristo não está todo neste sacramento.
2. Além disso, Cristo está neste sacramento como alimento dos fiéis, a modo de comida e de bebida. Ora, o Senhor diz: “A minha carne é verdadeira comida e o meu sangue é verdadeira bebida” (Jo 6, 56). Portanto, estão presentes neste sacramento somente a carne e o sangue de Cristo. Existem muitas outras partes do corpo de Cristo, por exemplo, os nervos, os ossos, etc. Logo, Cristo não está todo inteiro neste sacramento.
3. Ademais, um corpo de tamanho maior não pode estar todo inteiro num de dimensão menor. Ora, o tamanho do pão e do vinho consagrados é muito menor que o do corpo de Cristo. Logo, Cristo não está todo inteiro neste sacramento.

EM SENTIDO CONTRÁRIO, Ambrósio afirma: “Cristo está neste sacramento”.


RESPONDO. É absolutamente necessário confessar, segundo a fé católica, que Cristo está todo neste sacramento. A realidade de Cristo está presente neste sacramento de dois modos: pela força do sacramento e por uma concomitância natural. Pela força do sacramento, está sob as espécies sacramentais aquilo em que diretamente se converte a substância do pão e do vinho anteriormente existente. Isso vem significado pelas palavras da forma, que são eficazes neste e nos outros sacramentos, por exemplo, quando diz “Isto é o meu corpo”, “Isto é o meu sangue”. Por uma concomitância natural, está presente neste sacramento o que realmente está unido àquilo em que termina a conversão. Se duas coisas estão realmente unidas, onde uma estiver realmente, a outra estará também. Somente por uma operação mental se distinguem as coisas que estão realmente unidas.

Quanto às objeções iniciais, portanto, deve-se dizer que:
1. Como a conversão do pão e do vinho não termina na divindade nem na alma de Cristo, conseqüentemente estas não estão aí pela força do sacramento, mas por real concomitância*. Porque a divindade nunca abandonou o corpo de Cristo que ela assumiu, onde estiver tal corpo, aí necessariamente estará a divindade. Portanto, neste sacramento a divindade de Cristo deve acompanhar forçosamente o seu corpo. Por isso, no Símbolo efesino se lê: “Participamos do corpo e sangue de Cristo, não como recebendo uma carne comum, nem como homens santificados e unidos ao Verbo por uma união moral, mas como recebendo a verdadeira carne vivificante e própria do mesmo Verbo”.
A alma se separou realmente do corpo. Por isso, se naqueles três dias em que Cristo esteve na sepultura, se celebrasse este sacramento, não estaria nele a alma, nem pelo poder do sacramento nem pela concomitância real. Ora, porque “ressuscitado dentre os mortos, Cristo não morre mais”, como está em Romanos (6, 9), a sua alma está sempre realmente unida ao corpo. Por conseguinte, neste sacramento o Corpo de Cristo está presente pelo poder do sacramento, a alma porém, por concomitância real.
* Nota: Essa teoria da concomitância, que permite afirmar que Cristo inteiro está presente no sacramento, e sob cada uma das espécies, é muitas vezes empregada para justificar a legitimidade da comunhão sob uma só espécie. Mas não é porque essa teoria é utilizada com esse fim que ela deixa de possuir um valor próprio. O Concílio de Trento (sessão 13, cap. 3) cobre-a com sua autoridade. A “teoria” não é de fé, mas sim a asserção de que Cristo inteiro está contido no sacramento.
2. Pela força do sacramento está presente nele no caso da espécie de pão não só a carne, mas o corpo inteiro de Cristo, isto é, os ossos, os nervos, etc. E isso aparece da própria forma deste sacramento, que não diz: “Esta é a minha carne”, mas “Isto é o meu corpo”. Por isso, quando o Senhor diz “a minha carne é verdadeira comida”, a palavra carne tem o sentido de todo o corpo, porque, conforme o costume humano, tal palavra se apropria melhor ao gesto de comer. Pois, os homens comem comumente a carne animal e não os ossos ou coisa semelhante.
3. Depois da conversão do pão no corpo de Cristo ou do vinho no sangue, os acidentes de ambos permanecem. Daí se segue evidentemente que as dimensões do pão e do vinho não se convertem nas dimensões do corpo de Cristo, mas uma substância em outra substância. Assim, pela força do sacramento, está presente nele a substância do corpo de Cristo ou do sangue, não, porém, as dimensões do corpo ou do sangue de Cristo. Por isso, é claro que o corpo de Cristo está neste sacramento segundo o modo da substância e não segundo o modo da quantidade. No entanto, a própria totalidade da substância está presente indiferentemente numa quantidade pequena ou grande: assim como toda a natureza do ar está numa quantidade grande ou pequena dele ou toda natureza humana está num homem grande ou pequeno. Por isso, toda a substância do corpo de Cristo e do sangue está presente neste sacramento depois da consagração, como antes dela estava aí a substância do pão e do vinho.

Fonte: ST III, 76, 1
Fonte: http://sumateologica.wordpress.com/

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

A instituição da eucaristia ocorreu de modo conveniente?


A Última Ceia a partir da Heilig-Blut-Altar por Tilman Riemenschneider, em St-Jakobskirche, Rothenburg ob der Tauber, Alemanha

Nota: O que é tratado aqui é quase exclusivamente o momento histórico escolhido para a instituição deste sacramento. É somente em artigos posteriores que é abordado, por exemplo, as palavras de Cristo na Ceia (q. 78).

Parece que a instituição deste sacramento não foi como convém:
1. Com efeito, segundo o Filósofo, “somos nutridos dos mesmos elementos que nos fazem existir”. Ora, pelo batismo que é o novo nascimento espiritual, recebemos o ser espiritual, como diz Dionísio. Portanto, somos nutridos também pelo batismo. Logo, não era necessário instituir este sacramento como alimento espiritual.
2. Além disso, por este sacramento os homens se unem a Cristo como membros à cabeça. Ora, Cristo é a cabeça de todos os homens, também dos que existiram desde o início do mundo. Logo, a instituição deste sacramento não devia ter sido diferida (adiada, retardada) até à última ceia.
3. Ademais, este sacramento se denomina memorial da paixão do Senhor. Diz o Senhor: “Fazei isto em memória de mim”. Ora, a “memória diz respeito aos acontecimentos passados”. Logo, este sacramento não devia ter sido instituído antes da paixão de Cristo.
4. Ademais, pelo batismo a pessoa é orientada à eucaristia que só se deve dar aos batizados. Ora, o batismo foi instituído depois da paixão e ressurreição de Cristo, como está no Evangelho de Mateus (28, 19). Logo, não se justifica que este sacramento tenha sido instituído antes da paixão de Cristo.
Por outro lado, está o fato de este sacramento ter sido instituído por Cristo, do qual vale o que diz o Evangelho: “Ele fez bem todas as coisas”.


RESPONDO: Convinha que este sacramento fosse instituído na ceia em que Cristo tratou com os discípulos pela última vez.
1º. Em razão do que ele contém: o próprio Cristo está contido sacramentalmente na eucaristia. Por isso, havendo de afastar-se dos discípulos em sua manifestação exterior, Cristo quis ficar numa manifestação sacramental, como na ausência do imperador se mostra sua imagem para veneração. Eis porque Eusébio diz: “Havendo de tirar de nossa visão o corpo que assumira, e levá-lo aos astros, era necessário que no dia da ceia Cristo consagrasse para nós o sacramento de seu corpo e sangue, para que fosse cultuado permanentemente pelo mistério o que ele oferecia uma única vez como penhor”.
2º. Porque jamais foi possível a salvação sem a fé na paixão de Cristo. Diz Paulo: “Foi a ele que Deus destinou para servir de expiação por seu sangue, por meio da fé” (Rm 3, 25). Por isso convinha que em todo tempo houvesse entre os homens algo que representasse a paixão do Senhor. No Antigo Testamento, o sacramento principal era o cordeiro pascal, o que leva o Apóstolo a dizer: “O Cristo, nossa páscoa, foi imolado” (I Cor 5, 7). A ele sucede no Novo Testamento o sacramento da eucaristia que rememora a paixão passada, como o cordeiro pascal prefigurou a paixão futura. Assim era conveniente que, aproximando-se a paixão, depois de celebrar o primeiro sacramento, fosse instituído um novo, como diz o Papa Leão.
3º. Porque o que é dito por último, especialmente por amigos que se vão, fica mais gravado na memória, especialmente por então inflamar-se mais o afeto para com os amigos. Ora, o que mais nos afeta se imprime mais profundamente no espírito. Portanto, como “entre os sacrifícios”, diz o Papa Santo Alexandre, “nenhum pode ser maior que o corpo e o sangue de Cristo; nenhuma oblação lhe pode ser superior”, por isso o Senhor instituiu este sacramento em sua última separação dos discípulos, para que seja tido em maior veneração. É o que Agostinho enfatiza: “Para recomendar mais veementemente a grandeza deste mistério, o Salvador quis gravá-lo por último nos corações e na memória dos discípulos, dos quais se separava para ir à paixão”.

Quanto aos argumentos iniciais, portanto, deve-se dizer que:
1. “Somos nutridos dos mesmos elementos que nos fazem existir”, mas eles não nos são fornecidos da mesma maneira. Pois os elementos que nos fazem existir vêm-nos por geração, mas os mesmos elementos, enquanto deles nos nutrimos, vêm-nos pelo ato de comer. Assim, como pelo batismo nascemos de novo em Cristo, pela eucaristia nos alimentamos de Cristo.
2. A eucaristia é o sacramento perfeito da paixão do Senhor, por conter o próprio Cristo sofredor. Por isso não pôde ser instituído antes da encarnação. Seu lugar era então ocupado por sacramentos que se limitavam a prefigurar a paixão do Senhor.
3. Este sacramento foi instituído na ceia para ser no futuro o memorial da paixão do Senhor, uma vez realizada. Por isso, diz significativamente: “Todas as vezes que fizerdes isto”, falando no futuro.
4. A instituição corresponde à ordem da intenção. O sacramento da eucaristia, embora seja recebido posteriormente ao batismo, é anterior a ele na intenção. Por isso devia ser instituído antes. Também se pode dizer que o batismo já tinha sido instituído no próprio batismo de Cristo. Por isso, alguns já eram batizados com o batismo de Cristo, como se lê no Evangelho de João (3, 22).

Fonte: ST III, 73, 5.
Fonte: http://sumateologica.wordpress.com/

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

O sacramento da Eucaristia confere a graça?


Simon Ushakov (1626-1686), A Última Ceia (1685)

Parece que este sacramento não confere a graça:
1. Com efeito, a Eucaristia é alimento espiritual. Ora, o alimento só se dá a um ser vivo. Portanto, uma vez que a vida espiritual se constitui pela graça, este sacramento só convém a quem está em graça. Por isso, por ele não se confere a graça a quem ainda não a tem. De igual modo, nem serve para aumentá-la, pois o aumento da graça é próprio do sacramento da crisma. Logo, por este sacramento não se confere a graça.
2. Além disso, a Eucaristia é recebida como uma refeição espiritual. Ora, a refeição espiritual parece antes pertencer à utilização da graça do que à sua obtenção. Logo, parece que este sacramento não confere a graça.
3. Ademais, como se viu acima (q.74, a. 1), na Eucaristia se oferece o corpo de Cristo pela salvação do corpo e o sangue pela salvação da alma. Ora, o corpo não é sujeito da graça, mas só a alma, como se tratou na Parte II. Logo, pelo menos para o corpo este sacramento não confere a graça.

EM SENTIDO CONTRÁRIO, o Senhor diz: “O pão que eu darei é a minha carne, dada para que o mundo tenha a vida” (Jo 6, 52). Ora, a vida espiritual é dada pela graça. Logo, este sacramento confere a graça.


O efeito deste sacramento deve ser considerado a partir do fato de que:
1. Antes de tudo e principalmente, Cristo está presente neste sacramento. Ele, ao vir visivelmente ao mundo, trouxe-lhe a vida da graça, como se diz no Evangelho de João: “A graça e a verdade vieram por Jesus Cristo” (Jo 1, 17) Destarte, ao vir ao homem de maneira sacramental, produz a vida da graça, como bem se diz ainda em João: “Aquele que comer de mim viverá por mim” (Jo6, 58). Por isso, Cirilo afirma: ‘O Verbo de Deus vivificante, ao unir-se à sua carne, fê-la vivificadora. Convinha-lhe, pois, unir-se, de certo modo, aos nossos corpos por meio de sua carne sagrada e seu precioso sangue, que recebemos sob a forma de pão e vinho depois da bênção da consagração vivificante”.
2º. A partir do fato de que por este sacramento é representada a paixão de Cristo, como já se disse (q. 74, a. 1; q. 76, a. 2). Desta sorte, este sacramento produz no homem o mesmo efeito que a paixão produziu no mundo. Crisóstomo, ao comentar o texto: “E imediatamente saiu sangue e água”, diz: “Porque daí os santos mistérios tiram o seu princípio, então, ao te aproximares do temível cálice, faze-o como se tu te aproximasses para beber do lado de Cristo”. Por isso, o Senhor diz: “Isto é o meu sangue, derramado por vós para o perdão dos pecados” (Mt 26, 28).
3º. A partir do fato de que ele nos é dado em forma de comida e bebida. Destarte, este sacramento produz em relação à vida espiritual o efeito que a comida e a bebida materiais produzem a respeito da vida material, a saber, sustentam, aumentam, restauram e deleitam. Por isso, Ambrósio ensina: “Este é o pão da vida eterna, que fortifica a substância de nossa alma”. Crisóstomo, comentando o Evangelho de João, proclama: “Ele se apresenta a nós que desejamos tocá-lo, comer dele e abraçá-lo”. Por isso, o próprio Senhor diz: “Pois minha carne é verdadeira comida e o meu sangue verdadeira bebida” (Jo 6, 56).
4º. A partir do fato de que ele nos é dado sob as espécies. Por isso, Agostinho, comentando esse mesmo texto, observa: “Nosso Senhor ofereceu-nos seu corpo e sangue nesses elementos que, em sendo muitos, convergem para uma única realidade. Assim um, isto é, o pão, se constitui uma só massa feita de muitos grãos; o outro, o vinho, de muitos bagos torna-se uma única bebida”. Por isso, a mesmo Agostinho exclama: “Oh sacramento da piedade! Oh sinal da unidade! Oh vínculo da caridade!”.
E porque Cristo e a sua paixão são a causa da graça e porque a refeição espiritual e a caridade não podem existir sem a graça, e de tudo o que se acaba de dizer, é claro que este sacramento confere a graça.

Quanto às objeções iniciais, portanto, deve-se dizer que:
1. O sacramento da Eucaristia tem por si mesmo o poder de conferir a graça. Ninguém tem a graça antes de recebê-lo a não ser pelo desejo do mesmo, ou tido por si mesmo, no caso dos adultos, ou tido pela Igreja, no caso das crianças. Por esta razão, por causa da eficácia de seu poder, até pelo desejo dele, alguém alcança a graça pela qual é espiritualmente vivificado. Segue-se, pois, que a graça cresce e a vida espiritual aumenta, toda vez que se recebe realmente este sacramento. Diferente é o caso do sacramento da confirmação. Nele se aumenta e se aperfeiçoa a graça para que se resista aos assaltos exteriores dos inimigos de Cristo. Na Eucaristia, porém, cresce a graça e aprimora-se a vida espiritual para que o homem seja perfeito em si mesmo pela união com Deus.
2. Este sacramento confere espiritualmente a graça com a virtude da caridade. Por isso, Damasceno compara-o à brasa da visão de Isaías: “A brasa não é simplesmente madeira, mas está unida ao fogo, assim também o pão da comunhão não é simples pão, mas está unido à divindade”. Gregório, de maneira semelhante, prega numa homilia na festa de Pentecostes: “O amor de Deus não é ocioso; se está presente, opera grandes coisas”. Assim, este sacramento, enquanto depende de seu próprio poder, não só nos confere o hábito da graça e da virtude, mas também nos move à ação, como diz Paulo: “O amor do Cristo nos impele” (2Cor 5, 14). Destarte, pelo poder deste sacramento a alma se refaz espiritualmente, ao deleitar-se, de certa maneira, ao inebriar-se da doçura da bondade divina, segundo as palavras do Cântico dos Cânticos: “Comei, companheiros; bebei, inebriai-vos, queridos!” (5, 1).
3. Os sacramentos realizam a salvação que eles significam. Portanto, por certa semelhança pode-se dizer que neste sacramento o corpo de Cristo se oferece pela salvação do nosso corpo e o sangue pela da alma, ainda que ambos atuem em benefício da salvação do corpo e da alma. Pois, sob ambos está Cristo inteiro. Embora o corpo não seja sujeito imediato da graça, desde a alma redunda o efeito da graça sobre ele; assim na vida presente “oferecemos os nossos membros a Deus como armas de justiça”, como diz Paulo (Rm 6, 13), e no futuro, o nosso corpo gozará da incorruptibilidade e glória da alma.

Fonte: http://sumateologica.wordpress.com/

domingo, 16 de dezembro de 2012

O sacramento da Eucaristia é necessário para a salvação?


Tintoretto, A Última Ceia, 1592

Poderia parecer que a eucaristia é necessária à salvação, visto que:
1) Com efeito, o Senhor diz: “Se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós” (Jo 6, 54). Ora, neste sacramento se come a carne de Cristo e se bebe o seu sangue. Logo, sem ele o homem não pode ter a salvação da vida espiritual.
2) Além disso, este sacramento é um alimento espiritual. Ora, o alimento corporal é necessário para a saúde do corpo. Logo, também este sacramento é necessário à salvação espiritual.
3) Ademais, o batismo é o sacramento da paixão do Senhor, sem a qual não há salvação. O mesmo vale para a eucaristia, pois o Apóstolo diz: “Todas as vezes que comerdes deste pão e beberdes deste cálice, anunciareis a morte do Senhor, até que ele venha” (I Cor 11, 26). Logo, como o batismo é necessário à salvação, também o é este sacramento.
Em sentido contrário, escreve Agostinho: “Não penseis que as crianças pequenas não podem ter a vida por não terem parte no corpo e sangue de Cristo”.


RESPONDO
É preciso considerar duas coisas neste sacramento: o sinal sacramental e arealidade do sacramento. A realidade do sacramento é a unidade do corpo místico, sem a qual não pode haver salvação, porque ninguém tem acesso à salvação fora da Igreja, como tampouco no dilúvio houve salvação fora da arca de Noé, que significa a Igreja. Mas também se disse que a realidade de um sacramento pode ser obtida antes da recepção do sacramento, pelo desejo de receber o sacramento. Portanto, antes da recepção deste sacramento, o homem pode ter a salvação pelo desejo de recebê-lo, como antes do batismo, por seu desejo.
Mas há uma diferença em dois pontos.
Primeiro: o batismo é o princípio da vida espiritual e a porta dos sacramentos, enquanto a eucaristia é como aconsumação da vida espiritual e a meta de todos os sacramentos. A santificação obtida nos demais sacramentos é preparação para receber ou consagrar a eucaristia. Assim, receber o batismo é necessário parainiciar a vida espiritual, enquanto receber a eucaristia é necessário para levá-la a termo, não para tê-la simplesmente; para tanto, basta tê-la em desejo, pois no desejo e na intenção está presente a meta.
Segundo: outra diferença está em que pelo batismo o homem é orientado à eucaristia. Assim, pelo fato mesmo de serem batizadas, as crianças são orientadas pela Igreja para a eucaristia. Deste modo, como crêem pela fé da Igreja, pela intenção da Igreja desejam a eucaristia e, por conseguinte, recebem sua realidade. Mas, como não se orientam ao batismo por um sacramento precedente, antes de receber o batismo, as crianças não têm de modo algum o batismo em desejo, somente os adultos. Assim não podem receber a realidade do sacramento sem que recebam o próprio sacramento. Por conseguinte, este sacramento não é necessário à salvação como o batismo.

Quanto aos argumentos iniciais, portanto, deve-se dizer que:

1) Explanando aquela palavra de João “Este alimento e bebida”, isto é, de sua carne e seu sangue, Agostinho esclarece: “O Senhor quer que seja entendido como a comunhão de seu corpo e de seus membros que é a Igreja, nos santos e fiéis predestinados, chamados, justificados e glorificados”. E diz ainda na carta a Bonifácio: “Ninguém discuta, de modo algum, que cada fiel se torna participante do corpo e sangue do Senhor, quando no batismo se faz membro do corpo de Cristo; e não deve julgá-lo alheio à comunhão do pão e do cálice, mesmo que, constituído na unidade do corpo de Cristo, parta deste mundo antes de comer daquele pão e de beber do cálice”.
2) Há uma diferença entre o alimento corporal e o espiritual. O alimento corporal se converte na substância daquele que se nutre dele e por isso não adianta à conservação da vida a não ser que seja realmente consumido. O alimento espiritual, porém, transforma o homem naquilo que ele come. Agostinho narra ter como que ouvido a voz de Cristo que lhe dizia: “Tu não me mudarás em ti, como fazes com o alimento de tua carne, mas te transformarás em mim”. Ora, podemos mudar-nos em Cristo e incorporar-nos a ele pelo desejo do espírito, mesmo sem receber este sacramento. Assim, neste ponto não se pode fazer uma comparação entre o alimento corporal e o espiritual.
3) O batismo é o sacramento da morte e paixão de Cristo, enquanto o homem nasce de novo em Cristo pela força de sua paixão. Mas a eucaristia é o sacramento da paixão de Cristo enquanto leva o homem à perfeição na união ao Cristo da paixão. Por isso, como o batismo se chama sacramento da fé, que é o fundamento da vida espiritual, a eucaristia se chama sacramento da caridade, que é o “vínculo da perfeição”, como diz Paulo.

Fonte: ST, III, 73,3

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Pode um mau sacerdote celebrar a Eucaristia?




Parece que um mau sacerdote não pode celebrar a Eucaristia:


1. Com efeito, Jerônimo diz: “Os sacerdotes que são ministros da Eucaristia e distribuem o sangue do Senhor, agem de modo ímpio contra a lei de Cristo, ao pensarem que a Eucaristia se realiza pelas palavras de quem as recita e não pela sua vida, e que basta a oração solene e não os méritos do sacerdote. Destes sacerdotes, se diz: O sacerdote que se contaminar de alguma mancha, não se aproxime para apresentar as oferendas ao Senhor”. Ora, o sacerdote pecador, manchado pelo pecado, não tem vida nem méritos condizentes com este sacramento. Logo, o sacerdote pecador não pode celebrar a Eucaristia.



2. Além disso, Damasceno diz: “O pão e o vinho, pela vinda do Espírito Santo, se convertem de maneira sobrenatural no corpo e sangue do Senhor”. Ora, o papa Gregório observa e consta nos Decretos: “Como virá o Espírito celeste invocado para a consagração do mistério divino, se o sacerdote que o invoca está comprovadamente cheio de ações pecaminosas?”. Logo, um sacerdote mau não pode celebrar a Eucaristia.



3. Ademais, este sacramento se consagra pela bênção do sacerdote. Ora, a bênção de um sacerdote pecador não é eficaz para a consagração deste sacramento, já que está escrito: “maldirei vossas bênçãos”. Também Dionísio escreve: “Aquele que não é iluminado, decaiu plenamente da ordem sacerdotal. Parece-me uma audácia que alguém estenda a mão sobre os mistérios sacerdotais e ouse pronunciar em nome de Cristo, não digo orações, mas infâmias imundas sobre os símbolos divinos”.





EM SENTIDO CONTRÁRIO, (RESPONDE SANTO TOMÁS)



Agostinho escreve: “Na Igreja Católica, o mistério do corpo e do sangue do Senhor não se realiza mais pelo bom sacerdote, nem menos pelo mau sacerdote. Pois, ele se realiza, não pelo mérito do consagrante, mas pela virtude do Espírito Santo”.



O sacerdote consagra este sacramento não por poder próprio mas enquanto ministro de Cristo, em cuja pessoa celebra. Pelo fato de alguém ser mau não deixa de ser ministro de Cristo. O Senhor tem bons e maus ministros ou servos. Por isso, o Senhor diz: “Qual é, pois, o servo fiel e prudente” e depois acrescenta: “Mas se este mau servo disser em seu coração” etc. E o Apóstolo também diz: “Considere-nos o homem como servos do Cristo”. Mas, no entanto, ajunta em seguida: “A minha consciência, por certo, de nada me acusa, mas não é isso que me justifica”.



Ele tinha certeza de ser ministro de Cristo, mas não de ser justo. Pode alguém, portanto, ser ministro de Cristo, mesmo que não seja justo. Pertence à grandeza de Cristo que tanto os bons quanto os maus o sirvam, como a verdadeiro Deus, e que, pela sua providência, sejam ordenados para a sua glória. Por isso, é claro que os sacerdotes, embora não sejam justos, mas pecadores, possam celebrar a Eucaristia.



Quanto às objeções iniciais, portanto, deve-se dizer que:



1. Jerônimo condena o erro de sacerdotes que pensavam poder celebrar a Eucaristia dignamente pelo simples fato de serem sacerdotes, mesmo que pecadores. É isto que ele reprova, ao citar que os manchados estão proibidos de se aproximar do altar. Isto não impede, porém, que, se eles se aproximarem do altar, o sacrifício oferecido seja verdadeiro.



2. Antes daquelas palavras, o papa Gelásio tinha dito: “O culto sagrado conforme a disciplina católica exige tanto respeito que ninguém ouse aproximar-se dele a não ser com consciência pura”. Aí aparece claramente a intenção de que o sacerdote pecador não deve aproximar-se deste sacramento. Por isso, o que se segue “como o espírito celeste invocado virá” deve ser entendido que ele não vem pelo mérito do sacerdote, mas pelo poder de Cristo, cujas palavras o sacerdote pronuncia.



3. Uma mesma ação, feita pela intenção perversa do servo, pode ser má, torna-se, no entanto, boa, pela boa intenção do senhor que a faz. Assim também, a bênção do sacerdote pecador, enquanto é feita por ele indignamente é digna de maldição e merece o nome de infâmia ou blasfêmia e não de oração. Ao invés, enquanto é pronunciada na pessoa de Cristo, é santa e eficaz. Por isso, diz-se expressamente: “maldirei vossas bênçãos”.




Suma Teológica III, q.82, a.5




http://sumateologica.wordpress.com/

sábado, 8 de dezembro de 2012

A Santíssima Virgem vela sobre as Santas Hóstias Paterno (Itália) — 1772




Em 28 de janeiro de 1772, a aldeia de São Pedro de Paterno, situada a cerca de duas milhas de Nápoles, foi teatro de horrível sacrilégio: uns ladrões roubaram do tabernáculo dois cibórios contendo uma centena de hóstias consagradas, que foram depois encontradas graças a uma intervenção milagrosa: apareceram luzes nos dois lugares onde haviam sido escondidas. A primeira vez, na manhã de 26 de fevereiro desse mesmo ano, um Sacerdote de Nápoles, cavando a terra ao pé de um álamo que se tornara resplandecente, teve a consolação de recolher quarenta: apesar de um rigoroso inverno e chuvas torrenciais, estavam brancas, intactas, em perfeito estado de conservação, tendo apenas as bordas levemente salpicadas de lama. Além disso, a terra que estivera em contacto com o Corpo de Jesus Cristo, e que se recolhera absolutamente seca em uma toalha muito limpa, começou a destilar uma água puríssima. Na tarde da quinta feira seguinte as outras hóstias foram encontradas da mesma maneira milagrosa: como as primeiras, estavam perfeitamente conservadas.

Apraz-nos citar aqui o testemunho do Cura de Paterno, Matias d'Anna, e que constitui o eco de uma tradição corrente no lugar. Durante o tempo decorrido entre o roubo sacrílego e a aparição das luzes, um arrieiro chamado Francisco Jodice, de 27 anos de idade, ao voltar de Nápoles à tarde, via sempre, no lugar onde as hóstias haviam sido enterradas, uma senhora que se apoiava numa árvore. Uma tarde, atreveu-se a perguntar-lhe o que fazia tão sozinha nesse lugar: "Estou aqui, lhe responde Ela, fazendo companhia a meu Filho!" Quando as hóstias consagradas foram descobertas, todos compreenderam que esta senhora devia ser a augusta Virgem Maria.

O Vigário Geral de Nápoles fez o reconhecimento canônico das santas Espécies, objeto de tantas maravilhas, e encerrou-as em dois cilindros de cristal fechados com aros de prata, afim de que pudessem elas ser expostas a veneração dos fiéis. 

(Os Milagres históricos do Santíssimo Sacramento, pelo Padre Eugênio Couet).

PRATICA — Em todas as comunhões pedir, por intercessão de Maria, a pureza de uma vida perfeita.

JACULATÓRIA — Cantaremos vossos louvores, ó Maria, gloriosa cidade do Deus Eucarístico!

Fonte: http://catolicostradicionais.blogspot.com.br/

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Dogmas da Sacramento da Eucaristia



EUCARISTIA É VERDADEIRO SACRAMENTO INSTITUÍDO POR CRISTO

                                   
  

   O Concílio de Trento (1545-1563), sob Paulo III (1534-1549), declara:

·        "Se alguém disser que os Sacramentos da nova Lei não foram instituídos todos por Jesus Cristo, e que são sete: Batismo, Eucaristia... e que algum destes não é verdadeiro e propriamente Sacramento, seja excomungado."

Sagradas Escrituras:

·        Nosso Senhror Jesus Cristo instituiu a Eucaristia se vê em suas palavras: "Fazei isto em memória de Mim..." (Lc 22,19). Nelas se cumprem todas as notas essenciais da definição do Sacramento:
·        A matéria: o pão e vinho.
·        A forma: as palavras da consagração.
·       A graça interna: indicada e produzida pelo signo é a união com Cristo e a vida eterna:
1.     "Quem come Minha Carne e bebe Meu Sangue permanece em Mim e Eu nele" (Jo 6,56).
2.     "Aquele que come Minha Carne e bebe Meu Sangue tem a vida eterna." (Jo 6,54).

CRISTO ESTÁ PRESENTE NO SACRAMENTO DO ALTAR PELA TRANSUBSTANCIAÇÃO DE TODA A SUBSTÂNCIA DO PÃO EM SEU CORPO E TODA SUBSTÂNCIA DO VINHO EM SEU SANGUE

O Concílio de Trento (1545-1563), sob Júlio III (1550-1555), declara:

·        "Se alguém disser que no sacrossanto Sacramento da Eucaristia permanece as substâncias do pão e do vinho, juntamente com o Corpo e o Sangue de nosso Senhor Jesus Cristo, e negar aquela maravilhosa e singular conversão de toda a substância do pão e do vinho em Corpo e Sangue, permanecendo apenas as espécies de pão e vinho, conversão essa que a Igreja muito corretamente chama 'Transubstanciação', seja excomungado." (Dz. 884-877).

   "Transubstanciação" é uma conversão no sentido passivo; é o trânsito de uma coisa a outra. Cessam as substâncias de Pão e Vinho, pois sucedem em seus lugares o Corpo e o Sangue de Cristo. A Transubstanciação é uma conversão milagrosa e singular diferente das conversões naturais, porque não apenas a matéria como também a forma do pão e do vinho são convertidas; apenas os acidentes permanecem sem mudar: continuamos vendo o pão e o vinho, mas substancialmente já não o são, porque neles está realmente o Corpo, o Sangue, Alma e Divindade de Cristo.
Sagradas Escrituras:
·        Mc 14,22: "Tomai, este é Meu Corpo...".


   Os Dogmas nos levam a ter zelo em receber Nosso Senhor na  Hóstia Consagrada, dignamente BEM VESTIDOS, DE JOELHOS E NA BOCA (com atos externos e internos) pois estamos diante de Deus que mereçe toda a honra e toda a glória, não recebe-Lo na mão como se fosse um simples pedaço de pão. 


Fonte: http://gstomasdeaquino.blogspot.com.br/     

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Sobre a Comunhão frequente - Parte 2 - Final - Santo Afonso de Ligório




Disse Santo Afonso Maria de Ligório:


Mas por que Jesus Cristo deseja tanto que o recebamos na Sagrada Comunhão?Eis a razão.DizSão Dionísio que o amor sempre aspira e tende à união.

Os amigos, que se amam de coração, querem estar unidos de tal modo que formem uma só pessoa, diz Santo Tomás. Ora, isto fez o imenso amor de Deus para com os homens.Deus não só se dá a eles no reino eterno, mas já neste mundo se deixa possuir pelos homens na união mais íntima possível.Dá-se todo sob as aparências de pão no sacramento da Eucaristia.


Ali está como atrás de um muro e dali nos olha como através de apertadas grades: "Ei-lo atrás de nossas paredes, olhando pelas janelas, espreitando pelas grades". Ainda que nós não o vejamos, ele de lá nos observa e lá está realmente presente.Está presente para deixar-se possuir por nós mas se esconde para que o desejemos. Enquanto não chegamos até o paraíso, Jesus Cristo quer dar-se todo a nós e estar intimamente unido conosco.


http://catolicostradicionais.blogspot.com.br/

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Maria — Mãe dos Adoradores da Eucaristia (Parte III)



III. A vós, adoradores, também se recomenda: Adorai sempre Jesus Eucaristia, mas a exemplo da Santíssima Virgem, variai as vossas adorações. Relacionai todos os mistérios com a Eucaristia, fazendo-o reviver nela. Sem isto, caireis na rotina. Se o espírito, de vosso amor não for alimentado de uma forma, de um pensamento novo. haveis de vos sentir lânguidos e áridos na oração. Ê necessário, pois, celebrar todos os mistérios na Eucaristia, como fazia a Santíssima Virgem no Cenáculo.

Nos aniversários dos grandes mistérios que se haviam realizado sob os seus olhos, pensais por acaso que Ela não renovava em si as circunstâncias, as palavras e as graças desses mistérios? Na festa do Natal, por exemplo, julgais que Maria não recordava a seu Filho, então oculto sob os véus eucarísticos, o amor de seu nascimento, seu sorriso, suas adorações, bem como as de São José, dos pastores e dos Magos? Procurava, neste como nos demais mistérios, regozijar o Coração de Jesus, relembrando-Lhe o seu amor.

Que fazemos nós com um amigo? Acaso lhe falamos sempre do presente? Não, de certo; evocamos o passado, fazendo-o reviver. E quando queremos cumprimentar o nosso pai ou a nossa mãe, não lhes recordamos o imenso amor, a dedicação constante e generosa que nos prodigalizaram em nossa infância? Pois bem; da mesma forma, em suas adorações no Cenáculo, a Santíssima Virgem repetia a Jesus tudo o que Ele havia feito para a glória de seu Pai; lembrava-Lhe seus grandes sacrifícios, e assim penetrava na graça da Eucaristia. O Santíssimo Sacramento é o memorial de todos os mistérios e renova-lhes o amor e a graça. Deveis à imitação de Maria, corresponder a esta graça, reavivando as ações de Nosso Senhor, adorando lodos os seus estados, e unindo-vos a eles.

A Santíssima Virgem tinha uma atração tão forte pela Eucaristia, que não lhe era possível separar-se do Santíssimo Sacramento; vivendo, portanto, n'Ele e por Ele. Passava os dias e as noites aos pés de seu divino Filho; porém, sem deixar de se entreter com os Apóstolos e os fiéis que A procuravam; seu ardente amor para com o Deus oculto transluzia então em seu semblante, e comunicava seus ardores a todos que A cercavam.

Ó Maria, ensinai-nos a vida de adoração! Fazei-nos encontrar, como vós, todos os mistérios e todas as graças na Eucaristia; reviver o Evangelho, e ler as suas páginas na vida eucarística de Jesus. Lembrai-vos, ó Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento, que sois a Mãe dos adoradores da Eucaristia.